O
relatório do experimento realizado deve conter uma capa e um conjunto de nove
seções. Na capa, são apresentados os dados de identificação da instituição
(Escola, Departamento, Curso), do trabalho (título e eventual subtítulo) e
do(s) autor(es) (nome(s) completo(s), curso(s) e turma(s)), bem como as datas
de realização do experimento e de entrega do relatório.
As seções devem possuir exatamente os seguintes títulos: Fundamentação
teórica, Objetivos, Materiais, Método, Procedimentos, Resultados, Discussão,
Conclusão e Referências. Esses termos não devem ser modificados sem prévio
acordo com o professor.
Os conteúdos das seções devem contemplar as
orientações registradas na discussão feita a seguir. Na abordagem adotada
aqui, cada seção traz apenas e exclusivamente o conteúdo referente a um aspecto específico da atividade experimental. Esses conteúdos não devem ser misturados,
tal como tenderia a acontecer numa descrição cronológica da atividade. De fato, um relatório técnico-científico não é um relato sequencial
de uma atividade. Consiste, sim, em um documento estruturado a partir do agrupamento
das informações relevantes com base em um critério de proximidade e articulação lógicas.
Assim, por exemplo, toda a teoria necessária deve ser apresentada na
Fundamentação teórica, e apenas aí. De forma análoga, tudo o que se referir diretamente a
resultados, ou a discussão, deve vir aglutinado em cada uma dessas seções,
especificamente.
Numa discussão metodológica
mais aprofundada, é possível ponderar que esse modelo de redação possui limitações,
decorrentes de seu caráter fragmentário. Não discordamos. Entretanto, para o
nível introdutório de elaboração textual que objetivamos em nossa disciplina, tal
modelo mostra-se plenamente satisfatório, principalmente em se tratando da
educação em Engenharia e áreas correlatas. Nesse contexto, ele está plenamente
apto a contribuir para a estruturação do raciocínio do estudante, de modo a
capacitá-lo para construir relatos consistentes, com discussões bem formuladas
e conclusões adequadamente embasadas. Além
disso, se exercitado de forma dedicada e assimilado sem excessos de rigidez,
ele produzirá uma capacitação aberta a readequações e flexibilizações, caso
surja a necessidade de aprender a produzir relatórios menos fragmentários, para
compor documentos com um padrão mais complexo de redação.
Vamos agora a uma discussão
específica para cada seção. Essa discussão será apresentada numa primeira
versão, que poderá vir a ser modificada a partir de críticas e sugestões
valiosas que nos cheguem.
Orientações referentes à Fundamentação
teórica foram registradas na postagem sobre como se preparar para a
aula. Entretanto, vale a pena insistir na importância desse conteúdo, lembrando
que não existe atividade experimental consistente sem fundamentos teóricos
claros. São justamente eles que dão sentido à atividade realizada. Em sua
falta, essa atividade pode se tornar uma “fazeção” com pouco ou nenhum
significado. E isso ficará claro depois, aos olhos de um leitor atento do
relatório que resultar de um processo assim.
A seção Objetivos traz uma
declaração, de caráter antecipatório, das ações que se pretendeu realizar com o
experimento. Trata-se de afirmações claras, sucintas e unívocas (cada um aborda
um único aspecto), geralmente iniciadas por um verbo que especifica a ação em
tela e o objeto dessa ação. Exemplo: determinar experimentalmente o valor
da velocidade do som no ar.
Na seção Materiais, são listados,
de forma tópica, todos os instrumentos, equipamentos e outros itens materiais
que foram necessários à execução do experimento. Aqui, deve-se dosar o nível de
detalhamento, a fim de obter uma indicação ao mesmo tempo completa e concisa.
Na seção Método, são apresentadas, de modo sucinto, objetivo e logicamente consistente, informações globais sobre um conjunto de aspectos que possibilitam formar uma visão de qual é o caminho que leva do referencial teórico à realização dos objetivos na abordagem da situação empírica em questão. O texto desta seção deve ter a forma de um conjunto de parágrafos que explicitam, sem entrar em detalhes, os seguintes aspectos do experimento: o sistema físico e os processo(s) físico(s) em estudo; os dados a coletar; o tratamento de dados a realizar (frequentemente, regressão linear; eventualmente, cálculo de valor médio); o equacionamento que traduz o modelo teórico aplicado; a comparação explícita entre equações teórica e empírica (sempre que pertinente); os valores e parâmetros a obter a partir dessa comparação; a(s) grandeza(s) física(s) a determinar; o tipo de análise a realizar (comparação com valor de referência, comparação com valor obtido experimentalmente de outro modo etc.). Orientações complementares sobre a redação desta seção encontram-se na postagem sobre preparação para a aula. No caso do relatório, o grupo pode articular as contribuições individuais dos integrantes (registradas nos respectivos pré-relatórios), analisando-as criticamente e aproveitando o que de melhor cada uma tenha a oferecer, a fim de produzir uma redação final clara e consistente.
Na seção Método, são apresentadas, de modo sucinto, objetivo e logicamente consistente, informações globais sobre um conjunto de aspectos que possibilitam formar uma visão de qual é o caminho que leva do referencial teórico à realização dos objetivos na abordagem da situação empírica em questão. O texto desta seção deve ter a forma de um conjunto de parágrafos que explicitam, sem entrar em detalhes, os seguintes aspectos do experimento: o sistema físico e os processo(s) físico(s) em estudo; os dados a coletar; o tratamento de dados a realizar (frequentemente, regressão linear; eventualmente, cálculo de valor médio); o equacionamento que traduz o modelo teórico aplicado; a comparação explícita entre equações teórica e empírica (sempre que pertinente); os valores e parâmetros a obter a partir dessa comparação; a(s) grandeza(s) física(s) a determinar; o tipo de análise a realizar (comparação com valor de referência, comparação com valor obtido experimentalmente de outro modo etc.). Orientações complementares sobre a redação desta seção encontram-se na postagem sobre preparação para a aula. No caso do relatório, o grupo pode articular as contribuições individuais dos integrantes (registradas nos respectivos pré-relatórios), analisando-as criticamente e aproveitando o que de melhor cada uma tenha a oferecer, a fim de produzir uma redação final clara e consistente.
Na seção Procedimentos, são
registradas as ações que foram de fato executadas durante a realização do
experimento, de modo detalhado e circunstanciado, incluindo uma descrição da
montagem experimental. O nível de detalhamento não deve ser exagerado, mas
precisa ser suficiente para que alguma outra pessoa possa reproduzir as mesmas condições experimentais e verificar os resultados que elas produziram. Esse
princípio de reprodutibilidade constitui uma das bases do trabalho científico-tecnológico.
Aqui, é preciso lembrar que,
no roteiro, o termo “procedimentos” nomeia
a seção na qual são indicadas as ações prescritas
para a realização do experimento. No roteiro, essa parte do texto possui,
portanto, o caráter de um conjunto de instruções.
Ao serem executadas, é muito comum que essas instruções sofram adequações, adaptações
e mesmo modificações mais expressivas, em vista das circunstâncias reais nas
quais o experimento é realizado. Portanto, no relatório, a seção Procedimentos deve possuir o caráter
de um relato circunstanciado, que
contemple e registre as ações reais de forma fidedigna e precisa. Assim, é
necessário ir além de uma mera “paráfrase-maquiagem” das instruções do roteiro, registrando detalhes e cuidados específicos
presentes na execução daquelas, técnicas usadas visando à melhoria de resultados
e outros aspectos que compuseram o experimento real.
Na seção Resultados, são apresentados os dados — sempre que possível — e os resultados propriamente ditos. O nível de detalhamento deve ser escolhido de forma criteriosa, para possibilitar uma verificação detalhada daquilo que é apresentado. Assim como se deve evitar a inclusão de informação dispensável, deve-se garantir a presença de toda a informação necessária à averiguação da consistência do trabalho realizado. É também necessário observar especial cuidado na apresentação dos resultados, garantindo, por exemplo, que as medidas sejam representadas com suas unidades e erros, sempre observando o número adequado de algarismos significativos. Longe de ser uma exigência dispensável, esses detalhes constituem parte integrante de uma comunicação correta e consistente do trabalho realizado.
No caso de resultados qualitativos,
é preciso garantir que forma e conteúdo conjuguem-se para produzir um relato das
observações empíricas que possua consistência lógica e seja estruturado a
partir de evidências que correspondam às grandezas e aos parâmetros destacados
pela fundamentação teórica tomada como base do experimento. É especialmente
importante tomar cuidado para não confundir observação empírica com previsão
teórica. Deve-se relatar aquilo que foi empiricamente observado e cotejar essas
observações com eventuais previsões teóricas, e não o inverso disso.
Na Discussão, os resultados devem
ser analisados criticamente, quanto à sua consistência, precisão e exatidão. Orientações específicas a respeito da avaliação desses aspectos podem ser obtidas com o professor.
É especialmente importante privilegiar as comparações quantitativas, usando parâmetros tais como a diferença percentual.
Trata-se de um parâmetro dado em percentual, cujo sinal (positivo ou negativo) deve ser mantido e interpretado, significando que o valor de a é maior que (positivo) ou menor que (negativo) o do valor b, que serviu como termo de comparação. Esse parâmetro pode ser usado tanto na comparação de um valor obtido experimentalmente com um valor de referência — Δ% (v, vref) — quanto na comparação de dois valores experimentais da mesma grandeza obtidos por métodos distintos — Δ% (v1, v2). Nesses casos, seu significado estará ligado à avaliação da exatidão de certo resultado ou da convergência dos resultados que estejam sendo comparados.
É também importante, em muitos casos, avaliar a precisão de uma medida — representada por (a ± Δa). Isso pode ser feito por meio do erro percentual, calculado por meio da expressão a seguir.
Trata-se de um parâmetro positivo dado em percentual. Quanto menor seu valor, mais preciso será o resultado em questão.
Comparações qualitativas podem ser articuladas com as quantitativas, mas seu uso exclusivo deve ser reservado às situações nas quais não seja possível trabalhar com aquelas do primeiro tipo.
É especialmente importante privilegiar as comparações quantitativas, usando parâmetros tais como a diferença percentual.
Δ% (a, b) = ((a – b)/b).100%
Trata-se de um parâmetro dado em percentual, cujo sinal (positivo ou negativo) deve ser mantido e interpretado, significando que o valor de a é maior que (positivo) ou menor que (negativo) o do valor b, que serviu como termo de comparação. Esse parâmetro pode ser usado tanto na comparação de um valor obtido experimentalmente com um valor de referência — Δ% (v, vref) — quanto na comparação de dois valores experimentais da mesma grandeza obtidos por métodos distintos — Δ% (v1, v2). Nesses casos, seu significado estará ligado à avaliação da exatidão de certo resultado ou da convergência dos resultados que estejam sendo comparados.
É também importante, em muitos casos, avaliar a precisão de uma medida — representada por (a ± Δa). Isso pode ser feito por meio do erro percentual, calculado por meio da expressão a seguir.
Δa % = (Δa/│a│).100%
Trata-se de um parâmetro positivo dado em percentual. Quanto menor seu valor, mais preciso será o resultado em questão.
Comparações qualitativas podem ser articuladas com as quantitativas, mas seu uso exclusivo deve ser reservado às situações nas quais não seja possível trabalhar com aquelas do primeiro tipo.
Sempre que possível, também os
procedimentos devem ser objeto de análise. Sua consistência pode ser discutida e,
eventualmente, podem ser destacados pontos positivos ou negativos na forma como
foram planejados ou executados. Quando pertinente, o próprio método proposto no
roteiro pode ser avaliado, para apontar tanto potencialidades quanto limitações.
A Discussão é construída com
base em argumentação consistente. Nesse contexto, cada afirmação feita precisa ser
apoiada em fatos e evidências, que devem articular a fundamentação teórica com
as evidências empíricas correspondentes. Um desafio especialmente importante de
aceitar nessa seção é a percepção e a análise das fontes de erro. Nesse
aspecto, deve-se evitar fazer críticas vagas e inconsistentes às condições
experimentais encontradas no laboratório. Isso pode desmerecer o relatório,
muito mais do que justificar eventuais falhas do trabalho apresentado no
relatório. Por outro lado, quanto pertinente, a apresentação de uma autocrítica
moderada e consistente costuma surtir melhor efeito, quando se trate de
reconhecer alguma falha procedimental, por exemplo, e indicar os cuidados
necessários para evita-la ou saná-la.
Em nosso nível introdutório de
atividade, a teoria adotada como fundamento raramente é objeto de discussão. Essa
possibilidade existe, mas restringe-se a trabalhos bem mais avançados. Por essa
mesma razão, costuma ser ilusório pretender afirmar que se testou ou obteve-se comprovação
de alguma teoria nesse nível introdutório de atividade experimental. Essa é uma
questão bastante complexa, dos pontos de vista teórico e metodológico, que não
será discutida aqui. Mas vale registrar esse alerta.
Na Conclusão, é
imprescindível retornar aos objetivos do experimento e avaliar se foram cumpridos
e quão bem isso ocorreu. É também pertinente apresentar sugestões metodológicas,
de forma consistente com a discussão realizada, além de eventuais sugestões de
trabalhos futuros, indicando algum tipo de aplicação, adaptação dos métodos e
técnicas usados no experimento relatado. A descrição de aplicações desses
métodos e técnicas à área de interesse dos integrantes do grupo de autores também
constitui um aspecto válido de abordar.
A seção Referências deve mencionar
todas as fontes de informação usadas como base para a realização do trabalho
relatado. Convém evitar o adjetivo “bibliográficas”, uma vez que as referências
podem ser eletrônicas, videográficas, audiográficas e de diversos outros tipos,
tal como é cada vez mais comum hoje em dia, devido á facilidade de acesso a
informações registradas por diversos meios e em diversos suportes materiais. É
também inadequado o uso do termo “bibliografia”, que, tecnicamente, significa
outro tipo de lista de fontes, tal como os itens da obra de um autor ou um conjunto
de obras de interesse sobre um tema. Trata-se, portanto, de outro conceito.
As referências incluídas nessa
seção devem ser normalizados por algum padrão. No caso do contexto acadêmico
brasileiro, sugere-se fortemente que o estudante realize um esforço de
familiarização com a Norma ABNT 6023, amplamente adotada para tal finalidade.
Não se trata de pretender se tornar um expert
no assunto, mas, sim, de conhecer um importante instrumento que integra o
contexto da comunicação técnico-científica em nosso meio.
Exemplos de referências
normalizadas com base na norma ABNT 6023 podem ser encontrados no plano didático da
disciplina, no caso de livros. Exemplos de aplicação da norma 6023 também estão
disponíveis numa página web indicada
neste blog — seção Web-sítios de interesse, item “Referências: normalização
(ABNT)”.
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